De Au pair ao Mestrado – Ex-aluna do CCBA conta em entrevista a  sua trajetória na Alemanha 

Série CCBA: Viver, estudar e trabalhar na Alemanha

O caminho para aqueles que desejam viver na Alemanha pode se iniciar de diversas formas. Apesar disso, todos possuem um passo incomum: o primeiro contato com a língua alemã. Em entrevista com a ex-aluna do CCBA, Lucé Rodrigues, que mora a sete anos na Alemanha, podemos compreender algumas das questões pertinentes a esse respeito (acesse o depoimento completo no final da matéria).

Ex-aluna do CCBA, Lucé Rodrigues. Foto: CCBA.

Sua jornada para a Alemanha se iniciou ainda em 2013, quando Lucé completou o curso intensivo de A1 o qual a preparou para o exame de proficiência e obtenção do Goethe Zertifikat – A1. Para ela, “estudar aqui foi uma experiência bastante positiva, o CCBA me acolheu desde o início. Lembro de ter afixada em uma das paredes, uma imagem do portal de Brandenburg e isso me fazia sonhar em conhecer Berlin. Pensar que ia dar certo. Minha irmã, assim como eu, também fez o curso intensivo do A1 para que pudesse migrar para Alemanha”.

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Além do conhecimento linguístico é importante que se tenha um panorama global sobre os programas e possibilidades de ingresso no país. Em 2018, Lucé participou de seminários e workshops sobre o ano social, sobre o programa de au pair, além das modalidades de formação existentes na Alemanha. Este conhecimento fez com que ela pudesse traçar melhor sua carreira e, com isso, ir em busca de melhores oportunidades profissionais: “por isso que, quando vou a Recife, gosto de  tentar fazer algo para retribuir o carinho e inspirar pessoas a virem para a Alemanha que está precisando de mão de obra”, comenta.

“Eu não tinha muita grana para migrar, uma solução foi fazer o programa de au pair.”

Muitos optam por meios alternativos de ingresso no país, como programas de intercâmbio voluntário. Um dos caminhos mais procurados é o programa de Au pair, que possibilita o/a interessado/a trabalhar como cuidador de criança em uma casa de família nativa na língua alemã. Para tanto, uma certificação de idioma é necessária. Lucé nos relata que, “por isso fiz o intensivo no CCBA e o certificado do Goethe Institut (A1) para poder aplicar o visto. Morei na Holanda e depois fui para a Alemanha, onde eu queria ir para estudar e não trabalhar, porque era meu sonho fazer o mestrado, mas, cheguei na Alemanha ainda como au pair.”

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E completa, “além de au pair, eu ainda fiz o ano social, o que me fez desenvolver bastante o idioma. E assim, eu pude aplicar para mestrado, onde fui aceita em uma universidade no norte da Alemanha – já na fronteira com a Dinamarca – onde me formei em 2019. E destaco ainda que, antes mesmo de receber o diploma, eu já estava trabalhando! E isso só foi possível por eu ter me formado na Alemanha, de outra forma, provavelmente não teria o emprego que tenho hoje”. Um diferencial estratégico é ter conhecimento sobre o funcionamento do sistema acadêmico e profissional na Alemanha. O visto de estudante, por exemplo, varia a depender da origem de sua formação, quando formado na Alemanha, este pode chegar a 1 ano e meio, período utilizado para procurar trabalho, em contrapartida, quando não o diploma é de origem estrangeira, este prazo reduz para seis meses. Ter esse conhecimento, além de carta de referência, e experiência de trabalho, por meio de estágios durante a formação, proporcionou o que Lucé comenta como “um alavanque na carreira profissional, pois, além disso, com meu diploma alemão, eu consegui, inclusive, um salário melhor.” 

Sua especialização em gestão intercultural com ênfase na Alemanha, a fez compreender a cultura alemã em relação aos negócios, o que a ajudou a ter um melhor desempenho no processo seletivo. “A universidade me ajudou muito com workshops de como fazer uma carta, como escrever um currículo e etc.”

Nesse sentido, é importante ter uma perspectiva geral sobre os processos de seleção. Lucé nos conta que,“aplicar do Brasil é bem mais complicado do que quando se está morando aqui – Alemanha – por questões burocráticas de visto e do próprio idioma. Eu já sabia inglês e quando terminei a faculdade possuía o C1, no alemão.”  Apesar de Lucé trabalhar na área de gestão internacional, ou seja, onde há predominância da língua inglesa, ela destaca que, muito embora fale pouco alemão no trabalho, a vida prática na Alemanha requer que você tenha certo domínio da língua, que vai para além do básico aprendido no A1.

Decerto que, ter domínio no idioma oficial do país é imprescindível para um bom convívio social. No entanto, na prática, muitos brasileiros “se negam a aprender alemão, em busca de um jeito mais fácil e rápido de conseguir vir para a Alemanha. E estudam apenas inglês”, comenta Lucé. O mercado de trabalho na Alemanha é bastante abrangente em termos linguísticos, e muitas das vagas exigem nível somente de inglês, o que se torna atrativo a nível mundial. Muito embora seja uma alternativa fascinante, muitas das empresas, segundo Lucé, acabam por dar preferência àqueles que possuem proficiência em alemão por questões legais de documentação, de adaptação, integração, comunicação e afins. “Essa barreira linguística acaba por impossibilitar muitas oportunidades para os brasileiros de conseguirem bolsas de estudo, estágio, emprego e de tantas outras coisas.”

Não é apenas aprender o A1, A2 do alemão, mas pelo menos o B2. Porque para trabalhar você precisa do B2 e para estudar você precisa do C1. Muitas pessoas querem sair do Brasil sem nenhum alemão ou então – assim como eu – apenas com o A1. E eu vi o quão difícil foi! O processo migratório não é estável, acontece muita coisa no caminho que você precisa de um bom alemão para resolver.”

Além disso, ainda há uma dificuldade comum entre os brasileiros em relação à organização para solicitação do visto, seja como estudante, turista, au pair e etc. “Muita gente não tem  conhecimento suficiente de alemão para ver os detalhes ou até mesmo para ir no setor de imigração depois de chegar na Alemanha”, comenta Lucé. E finaliza, “para mim, o que posso resumir em uma frase, em relação às dificuldades enfrentadas, é a falta de conhecimento de alemão avançado”.

Um conselho que daria pra quem quer começar a trilhar este caminho é: estude alemão!

“Se eu tivesse esse conhecimento que eu tenho hoje, eu teria vindo para cá com o B1 completo porque me abriria portas que, na época, eu não consegui. Minha “sorte” é que eu tinha um holandês intermediário, devido ao meu ano como au pair, então eu conseguia entender o que estava acontecendo ao redor. Eu acho que se eu tivesse o B1 eu não teria vivenciado certas situações como eu passei durante o au pair e teria tido um ano social melhor e, consequentemente, teria começado a estudar mais cedo. Então essa é a dica: estudem alemão avançado!”

A Alemanha é um país maravilhoso tanto para quem deseja fazer intercâmbio quanto para aqueles que pretendem migrar por dois motivos importantes, segundo Lucé Rodrigues:

  1. Urgência de mão de obra qualificada;

Essa necessidade aliada a uma economia relativamente estável faz com que o país implemente políticas e programas que auxiliam aqueles que pretendem ir para a Alemanha e a desenvolverem como profissional.

  1. Prestígio internacional em diversas áreas de atuação profissional e acadêmica;

Para quem quer apenas fazer um intercâmbio, a Alemanha é conhecida mundialmente por sua qualidade no trabalho e no ensino. Assim, ter um diploma alemão vai te ajudar a abrir portas para diversas oportunidades no mundo, em diversas empresas. Isso é o boom. A vida na Alemanha não é fácil porque o alemão é muito perfeccionista, mas a partir do momento que você começa a trabalhar, essa característica se torna um hábito e você acaba se acostumando e aprendendo a trabalhar de forma mais crítica e eficiente.

Saiba mais sobre o programa Au pair na segunda parte da nossa  série Viver, estudar e trabalhar na Alemanha

Saiba mais:

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