O evento contará com a presença da estilista, pesquisadora e ativista indígena Dayana Molina, nascida em Niterói (RJ), originária das etnias Aymara e Fulni-ô

O CCBA recebe, no dia 04 de novembro (terça-feira), a estilista, pesquisadora e ativista indígena Dayana Molina, nascida em Niterói (RJ), originária das etnias Aymara e Fulni-ô, para mais um KULTURFORUM. Trazendo a temática “Moda, ancestralidade e impacto socioambiental” para debate, o evento é aberto ao público e inicia às 18h30, no Centro Cultural Brasil – Alemanha (CCBA), localizado na rua do Sossego, 364 – Boa Vista, Recife (PE).

A moda, para além de uma expressão estética, é um campo simbólico e político que traduz modos de ser, de viver e de se relacionar com o mundo. Ela reflete identidades, valores e memórias coletivas — e, nesse sentido, a ancestralidade emerge como uma força vital capaz de ressignificar os modos de produção e consumo contemporâneos. Em tempos marcados pela urgência ambiental e pela homogeneização cultural, revisitar as matrizes ancestrais — indígenas, africanas, populares — torna-se um gesto de resistência e de reencantamento do fazer.

O uso de fibras naturais, os processos manuais de tingimento, o respeito aos ciclos da natureza e o trabalho coletivo são práticas que remontam a tradições antigas e dialogam com o conceito contemporâneo de sustentabilidade. Ao recuperar esses saberes, a moda pode se reconectar com um tempo mais lento, onde o valor das coisas não se mede apenas pelo lucro, mas pela história que cada peça carrega.

Dayana Molina sempre esteve comprometida em promover a representatividade indígena na indústria da moda. Sua carreira na moda começou aos 17 anos e quase metade de sua vida foi dedicada a criações sustentáveis na construção de uma indústria mais ética, democrática e antirracista. Chegou a receber prêmios e indicações nas categorias de sustentabilidade e empreendedorismo. Atualmente, Dayana é diretora criativa da marca Nalimo (instagram: @nalimo), que trabalha apenas com mulheres em todas as etapas da produção.

No seu esforço constante para descolonizar o pensamento e promover a diversidade, Dayana atua diretamente em projetos com aldeias localizadas na Amazônia, onde ensina mulheres das etnias Kayapó e Krahô a costurarem, possibilitando autonomia econômica, empreendedorismo e fortalecimento feminino dentro das comunidades indígenas. A estilista criou o projeto itinerante Aldeia Criativa Design do Futuro. E ao longo do projeto, já facilitou 200 oficinas em diferentes povos e aldeias das regiões norte e nordeste do Brasil. ( conheça mais em: www.nalimo.com.br )

 Além da presença importante de Dayana, a mesa de debate será composta também pela pesquisadora e antropóloga Vânia Fialho e pela estilista e costureira recifense Natália Borges:

Vânia Fialho é antropóloga e psicanalista, mestre em Antropologia e doutora em Sociologia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com pós-doutorado pela Università degli Studi di Milano-Bicocca, na Itália. Sua trajetória acadêmica e profissional é marcada pela pesquisa com povos indígenas e comunidades tradicionais do Nordeste brasileiro, especialmente nos temas de territorialização, regularização fundiária, conflitos socioambientais e os impactos de grandes projetos de desenvolvimento. Atualmente integra o Programa de Pós-Graduação em Cartografia Social e Política da Amazônia/UEMA.

E Natália Borges é costureira idealizadora da Urd Atelier, empresa de impacto socioambiental com dois prêmios de inovação e ações realizadas em mais de 10 cidades de Pernambuco e Bahia. Designer com pós em educação para a sustentabilidade, mestranda em Design pela UFPE, consultora de sustentabilidade no NTCPE, ex-instrutora de costura da Secretaria da Mulher do Recife, facilitadora na Love Trash, está atuando na pasta de Empreendedorismo na Secretaria do Trabalho e Qualificação Profissional de Recife, é docente embaixadora do Fashion Revolution Brasil, embaixadora do Slow Fashion Movement, produtora cultural, e palestrante.

Estarão presentes também no evento, mulheres de comunidades periféricas da Região Metropolitana do Recife, contempladas pelo curso de “Costura & Upcycling”. A iniciativa é promovida pelo CCBA e conta com a parceria da Urd Atelier @urd.rr (representada pela estilista e costureira Natália Borges, que ministra o curso) e da Secretaria da Mulher da Prefeitura do Recife @secmulherecife . Durante a formação, dividida em 3 módulos, as mulheres aprenderam a criar produtos (como estojos e bolsas) a partir de lonas de banners (reutilizando um material que seria descartado), além de aprenderem um pouco sobre empreendedorismo e aprofundarem seus conhecimentos sobre sustentabilidade.  As mulheres participantes do grupo também integram iniciativas de agricultura urbana em seus territórios. 

A indústria da moda é a segunda mais poluente do mundo, ficando atrás apenas da petrolífera, segundo a organização sem fins lucrativos Global Fashion Agenda (Fonte: http://surl.li/vyafvd) e o setor de tingimento têxtil é um dos maiores poluentes para fontes de água (fonte: http://surl.li/vyafvd). Diante desse cenário, iniciativas que articulam ancestralidade, saberes tradicionais e inovação apontam para uma transformação necessária. Projetos que valorizam o artesanato local, a economia circular e o design regenerativo não apenas reduzem danos ambientais, mas também fortalecem comunidades e narrativas culturais invisibilizadas.

Assim, pensar moda a partir da ancestralidade é propor uma reconexão com a terra, com o corpo e com as histórias que nos constituem. É compreender que vestir não é apenas cobrir-se, mas escolher o que queremos perpetuar: o desequilíbrio e o descarte, ou o respeito e a continuidade da vida. A moda ancestral e consciente não é um retorno ao passado, mas um movimento de futuro — um gesto político de cuidado, memória e transformação.

SERVIÇO:

  • KULTURFORUM: Moda, ancestralidade e impacto socioambiental
  • Horário: 18h30
  • Data: 04/11/2025
  • Local: Centro Cultural Brasil Alemanha – CCBA
  • Acesso: aberto ao público

O evento contará com a presença da estilista, pesquisadora e ativista indígena Dayana Molina, nascida em Niterói (RJ), originária das etnias Aymara e Fulni-ô

Convidadas:

  • Dayana Molina, estilista, pesquisadora e ativista indígena
  • Natália Borges, costureira, estilista e idealizadora da Urd Atelier
  • Vânia Fialho, antropóloga e pesquisadora