A fotógrafa participa do KULTURFORUM Aproximações Artísticas-Urbanas, que acontece nesta segunda-feira (05).
Vanessa Alcântara é fotógrafa e participou do workshop de Videodança Os espaços no próprio corpo – Aproximação à arquitetura através da dança, realizado no CCBA em maio deste ano com a coreógrafa e bailarina Katerina Valdivia Bruch, de Berlin. A partir desse workshop, os participantes criaram o grupo Laboratório de Performance Urbana, que visa utilizar a videodança e a performance em projetos urbanos culturais e contemporâneos.
Vanessa, assim como o resto do grupo Laboratório de Performance Urbana, estará presente no KULTURFORUM desta segunda-feira (05), debatendo sobre aproximações artística-culturais. Na entrevista abaixo, ela conta um pouco da experiência do workshop com Katerina e quais as propostas do Laboratório de Perfomance Urbana.
CCBA: Como surgiu e qual é a proposta do Laboratório de Performance Urbana?
Vanessa: Cada um de nós pertence ao meio artístico – alguns são do curso de dança da UFPE, outros já trabalham com vídeo ou fotografia, outros cursam cinema também na UFPE. Mas todos ao mesmo tempo tínhamos um envolvimento com a dança. Então aconteceu de todo mundo se familiarizar com a ideia do workshop realizado por Katerina Valdivia aqui no CCBA, e a partir daí formar uma equipe para trabalhar com laboratórios de videodança usando espaços urbanos. Assim, surgiu o grupo e fomos fomentando esse projeto.
CCBA: Quais inquietações movem vocês?
V: Uma delas é entender qual é o fundamento dos nossos corpos nesses espaços urbanos. Porque outros corpos que não necessariamente fazem arte não saibam que podem transformar suas movimentações em dança a partir do processo urbano. Então vamos trazer para o KULTURFORUM segunda-feira uma intervenção que fizemos na rua, utilizando o espaço urbano e essas movimentações sucintas e mínimas que acontecem no cotidiano, transformando-as em dança e mostrando as reações das pessoas a partir dos movimentos que fazemos na rua, mostrando que elas também os fazem, mas talvez não os perceba – e que através desse impacto, possam perceber.
CCBA: Vocês se apoiaram em alguma teoria ou leitura?
V: Começamos a fazer o laboratório a partir do livro A invenção do cotidiano (Michel de Certeu), que tem a ver com intervenção urbana e visões periféricas, como por exemplo, a ideia de que pessoas do alto de seus prédios não conseguem visualizar movimentos e perceber quem circula na rua, embaixo. E explora essa visão de baixo para cima também, porque quem tá na rua consegue estar mais próximo dos movimentos e olhares do cotidiano. Utilizamos também uma dissertação indicada pela professora Flávia Pinheiro, do departamento de dança da UFPE, chamada Coreopolítica e Coreopolícia (André Lepecki), que explora a política nos espaços urbanos a partir do corpo. O livro Corpus (Jean-Luc Nancy) também nos inspirou.
CCBA: Daqui pra frente, quais são as propostas de trabalho do Laboratório?
V: Estamos nos organizando enquanto grupo para participar de festivais. Katerina também nos indicou alguns festivais internacionais para que a gente pudesse seguir por esse caminho. O workshop contribuiu para outros trabalhos da equipe também, como o projeto de André Aguiar que foi aprovado no Funcultura (Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura) voltado para videodança, que vai acontecer aqui na cidade. Acredito muito que o workshop enriqueceu esse projeto. Outro exemplo é Aline de França, estudante de cinema da UFPE, que estava em fase de TCC e fez seu projeto voltado para a videodança. Acredito que o workshop agregou bastante para o conhecimento dela e também trouxe experiência para o trabalho.
CCBA: Você já conhecia a videodança antes do workshop?
V: Eu tinha conhecimento do que era videodança a partir de coisas que havia estudado, pois me familiarizo com comunicação, vídeo e também porque danço. Fiz publicidade, é comunicação mas não tem muito a ver com dança, mesmo assim segui por esse caminho porque toda minha família tem muita ligação com a dança, quase todo mundo já fez. Como já fazia publicidade e era fotógrafa, acabei conhecendo a videodança e a vejo como um caminho para a comunicação visual e movimentação corporal. O workshop me trouxe coisas maravilhosas, Katerina e as pessoas que participaram me trouxeram muito conhecimento sobre a área que eu não tinha visão ainda. O CCBA também foi muito importante para a gente que trabalha com arte. Porque não temos essa oportunidade em todo canto. Foi uma coisa muito grandiosa ele ter disponibilizado espaço para a gente criar. Não é toda instituição que fornece gratuitamente uma sala específica, slides, computadores e internet para que a gente possa dialogar e projetar nossas ideias. Christoph foi uma pessoa muito importante para que esse projeto tome outros caminhos a partir do que acontece aqui, e quem sabe participar de projetos maiores.