1. Comentário acerca da trajetória profissional da Marina Mahmood, diretora e roteirista,  desde a idealização até a realização do videodança Corpo Onírico.

 “Eu sou formada em Comunicação Social-Jornalismo pela UFPE e desde o início da minha carreira profissional, até mesmo antes de me formar, eu trabalhava com fotografia. Já fui fotojornalista da Folha de Pernambuco, onde trabalhei por uns três anos. Eu entrei no jornalismo pensando em escrever, mas terminei me apaixonando pela fotografia. E então, depois que eu passei esse período na Folha, como fotojornalista, eu percebi que precisava expandir minha atuação em outras áreas. Porque eu acredito que, na verdade, a arte sempre me atraiu muito, e trabalhar com isso sempre foi uma coisa que no fundo estava em mim. Tanto é, que eu fui para a fotografia porque eu acho que me aproxima da arte de alguma forma, mesmo estando em jornalismo. E aí eu comecei a adentrar no universo da dança. Eu saí do jornal e comecei a fazer algumas formações nesta área e fui aos poucos, conhecendo pessoas da área, e depois, eu comecei a trabalhar na área social como arte educadora do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos da Prefeitura do Recife. Mas minha formação é bem híbrida. Meu trabalho de conclusão de curso, por exemplo, foi um documentário dirigido por mim. Primeiro apaixonada pela fotografia e depois pela área da dança. Depois que entrei nessa área conheci algumas pessoas, como Maria e a Clarissa, foi quando resolvemos fazer um coletivo, o coletivo Bartira, que unia dança e pirofagia. Nesse entremeio, eu comecei a fazer bambolê de fogo, e a dançar com fogo. A partir dessa experiência eu tive ideias para essa videodança. E foi justamente quando eu estava nessa transição para o universo da dança, descobrindo, que me veio a ideia de fazer essa produção”.  

2. A artista relata sobre sua motivação para realização de um produto audiovisual em formato de videodança. 

“A videodança, a videoperformance… é uma linguagem que me contempla porque une justamente a imagem com a dança, que são duas coisas que eu sou apaixonada. Hoje em dia eu não trabalho tanto profissionalmente como fotógrafa, mas, fazer esses trabalhos, seja dirigindo ou atuando, me contempla muito, neste meu lado fotógrafa”. “Atualmente eu trabalho apenas com estes projetos independentes e atuando nessas áreas: fotografia, dança e audiovisual”. “A ideia do vídeodança foi surgindo aos poucos, a partir de algumas ideias desse coletivo, porque a gente criava alguns instrumentos, a partir do nosso processo criativo. Dançando, a gente criava alguns instrumentos para trabalhar com fogo. Então, quando eu fui fazer o roteiro, eu já tinha na cabeça que havia esses instrumentos. E também, pensar as paisagens que esses instrumentos poderiam ser utilizados e não só tecnicamente, mas pensar a narrativa em si”.  “O filme fala muito sobre inquietações pessoais minhas”. “Nesse roteiro eu pensei desde os quadros, “fotograficamente” na minha cabeça, porque por mais que tivesse Salomão como diretor de fotografia, eu sempre imaginei o roteiro em imagens. E sempre foi muito sensorial, então, a ideia era transmitir essas sensações através das imagens. Assim como algumas sensações que você sente em vida, que são sensações super sublimes. Daí surge a preocupação: como retratar isso em imagem? Como retratar isso em videodança? então foi bem interessante todo o processo criativo! Acredito que a gente teve um resultado bem legal. Eu estou muito feliz com o resultado!” “A videodança é um campo aberto a possibilidades, onde você pode inventar muitas coisas, pode quebrar regras, e ser algo mais experimental, é por isso que eu gosto muito dessa linguagem”. 

3. A respeito da parceria com Centro Cultural Brasil-Alemanha, a artista comenta como este apoio a incentivou desde o início do projeto. 

 “Meu primeiro contato com o CCBA foi justamente numa oficina de videodança com Katerina Valdivia Bruch. Ela é alemã e veio dar essa oficina aqui em Recife, no CCBA. Até então eu não tinha tido contato com o CCBA. Eu me inscrevi nessa oficina. Foi justamente nessa época que eu estava adentrando aos pouquinhos na dança, foi esse começo, essa transição, quando eu saí do jornal e comecei a entrar no universo da dança. Foi massa porque me instigou, meu deu muitas ideias! Eu não lembro exatamente quanto tempo durou a oficina, eu acho que foi duas semanas… A gente foi para alguns pontos da cidade do Recife gravar as videodanças que havíamos pensado durante a oficina no CCBA. A oficina tinha uma relação com a paisagem, e aí, a gente brincou com isso. Eu acho bem interessante isso de se relacionar com a paisagem. Nesse momento conhecemos outras pessoas que tinham esse interesse e, a partir desse curso, demos continuidade a algumas ações lá no CCBA. Algumas das pessoas que participaram formaram um grupo de estudos, e ficamos estudando videodança, intervenção urbana.. ainda ficamos um tempinho nesse grupo,  pesquisando, experimentando algumas coisas, mas, depois de um tempo ele dissolveu e cada um foi para o seu lado”.

“Essa oficina no CCBA foi um start inicial para muitas coisas surgirem e depois disso muita coisa amadureceu dentro de mim também. Depois surgiu a ideia do videodança”. 

“A relação foi se consolidando com o CCBA como um parceiro. Ele foi um apoiador desse projeto desde o início, tanto é que vamos fazer a exibição deste pré-lançamento lá. Onde terão várias coisas interessantes, uma exibição de fotos, debate…”

 “O CCBA acolheu o projeto nos espaços dele, deu o pontapé inicial quando a gente começou a fazer os testes de imagem, foi ele que nos deu apoio também. Então, antes do projeto ser subsidiado pela Funcultura, o CCBA estava lá acreditando na gente! Que íamos fazer algo legal. Essa relação é de parceria mesmo!”.

“Eu acho massa, porque o CCBA é um centro que sempre está envolvido com projetos interessantes, seja na agroecologia, seja na arte,.. ele tá sempre antenado”.