“Ativismo não é só mais um ‘ismo’. É uma forma de vida. Não existe uma situação ou comportamento ‘apolítico’, tudo é político, na verdade”, responde o diretor artístico da 14ª edição da documenta, Adam Sczymczyk,  à pergunta “como separar a arte do ativismo político?”, da rádio Deutsche Welle (confira a entrevista aqui). A resposta de Sczymczyk evidencia a orientação curatorial da 14ª  edição do mais importante encontro do mundo dedicado à arte contemporânea: a arte, por se situar politicamente independentemente de quaisquer circunstâncias, deve se posicionar.

Nesta edição, a documenta 14 acontece não só na sua cidade-mãe, Kassel, na Alemanha, mas também em Atenas, na Grécia, devido a uma intenção curatorial declarada de friccionar limites. O tema desta edição, “Learning from Athens”, recorre à Atenas não só como símbolo da crise financeira global e  migratória na Europa, mas também como ícone representativo da democracia. “Foi lá onde tudo começou”, justifica Sczymczyk. Além disso, a escolha de levar a exposição para Atenas está ligada a uma das principais intenções desta edição, que é fazer com que a arte crie pontes e supere fronteiras que a economia e a política não são capazes de realizar hoje.

Essa escolha também está ligada à ideia de que se “o Sul é um portão de entrada da migração, o Norte é uma fortaleza”, como Szymczyk afirma, dando conta da ideia de sul e norte políticos, e não geográficos. Para Sczymczyk, “a humanidade está em uma situação de perigo de vida. Vemos regimes repressivos e canibalistas devido a religões, pessoas que trabalham conjuntamente para destruir o meio ambiente, o planeta. Não quero ser apocalíptico, mas vemos um cenário no qual o neoliberalismo e neocolonialismo causam um efeito negativo profundo na vida de pessoas de muitos lugares do mundo”.

A documenta 14, então, busca se inserir em um movimento emancipatório e questionador a partir de obras de arte provocadoras e ainda pouco conhecidas pelo público especializado em arte. Como afirmou Sczymczyk em entrevista para a Deutsche Welle, “o meu papel e o da minha equipe é o de tirar da invisibilidade vozes ainda invisíveis”.

Além disso, o evento adotou o lema “South as a state of mind”, que dá o título de uma publicação onde artigos, poemas e críticas provocativos tratam dos temas que parecem marcar essa edição. Já é possível perceber, através da revista, que estão entre as questões principais dessa edição ecologia, fome, crise, genocídio indígena, imigração e transsexualidade. Acesse a revista aqui.

A documenta começa, então, em Atenas amanhã (8) e segue até 16 de julho. Em Kassel, inicia no dia 10 de junho e encerra no dia 17 de setembro. Ambas as versões coexistem, então, durante os meses de junho e julho.  A programação da semana inaugural da documenta em Atenas já pode ser acessada aqui.

الشاهد – الجهاد The Witness – The jihad from abou naddara on Vimeo.

Os vídeos do cineasta sírio Abounaddara estão presentes na programação cinematográfica da documenta 15. Este filme está entre os mais de 300 vídeos produzidos semanalmente por um coletivo anônimo de cineastas sírios. desde 2010. 

A documenta começa, então, em Atenas amanhã (8) e segue até 16 de julho. Em Kassel, inicia no dia 10 de junho e encerra no dia 17 de setembro. Ambas as versões coexistem, então, durante os meses de junho e julho.  A programação da semana inaugural da documenta em Atenas já pode ser acessada aqui.

Inserido no debate entre arte e política, o curador Moacir dos Anjos estará presente em ambas as cidades durante o período da documenta, através de uma parceria entre Centro Cultural Brasil-Alemanha (CCBA) e Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). A experiência de Moacir dos Anjos na documenta 14 de Atenas serão relatadas no I Kulturforum – documenta 14, no dia 24 de abril, no CCBA. Moacir dos Anjos foi curador do pavilhão brasileiro (Artur Barrio) na 54ª Bienal de Veneza (2011), curador da 29ª Bienal de São Paulo (2010), co-curador da 6ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre (2007), e curador do 30º Panorama da Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna (2007), em São Paulo. Foi curador da mostra coletiva Cães sem Plumas (2014), no Mamam.