Werner Herzog. Entrevista para o MDR Kultur.

Em seus 80 anos, o cineasta, roteirista, diretor, dramaturgo, escritor, ator e explorador de histórias intrigantes, Werner Herzog, transcendeu os limites da linguagem cinematográfica delineando universos que perpassam desde o real caótico ao imaginário fantástico de suas produções. Sua história no mundo da arte do audiovisual se confunde com a própria história do cinema alemão e de toda sua repercussão a nível internacional. Dedica-se ao estudo da língua alemã é sem dúvidas uma imersão em um dos universos de Herzog,  cujo sentimento de pertencimento à ‘sua’ região da Bavária denota a importância dada a ela na formação da identidade – ou múltiplas identidades – do cineasta alemão.

Herzog, nascido em 1942, Munique, demonstra interesse pelo mundo das artes audiovisuais desde sua formação escolar onde inicia projetos que, posteriormente, virão a se tornar curta-metragens e documentários até que funda sua própria produtora de filmes em 1963. Em sua trajetória, um dos seus trabalhos que, sem dúvidas, despertou um olhar mais crítico para as relações humanas foi o de soldador, Seus estudos em história, literatura e teatro o tornaram crítico de cinema e, logo em seguida, um roteirista de premiado como seu trabalho em “Feuerzeichen” com o prêmio Carl Mayer, em 1964.

A partir de então ele cultivou uma vasta trajetória entre roteiros e direção de produções cinematográficas premiadas internacionalmente. Seu primeiro longa-metragem intitulado ”Lebenszeichen” (1967), baseado no já mencionado roteiro “Feuerzeichen”, recebeu o prêmio federal de cinema e na Berlinale como “melhor filme de estreia”. Desde sua estreia, Herzog, ganhou notoriedade no universo das artes com títulos como: “Last Words”  (1968), “Aguirre, a Ira de Deus” (1972), “O enigma de Kasper Hauser (1975), “Nosferatu – Fantasma da Noite” (1978), “Fitzcarraldo” (1982).

Acervo da Biblioteca do CCBA – Recife. Foto: Letícia Aragão/CCBA.

Neste cenário, o CCBA desponta para a necessidade de reanimar práticas, outrora convencionais, mas, hoje, pouco cultivadas, como o hábito de assistir um filme não comercial com a simples intenção de imergir no que lhe é proposto (mesmo que seja devaneios e utopias). Desvendar junto aos personagens o Enigma de Kaspar Hauser ou questionar sobre o fato de que Os anões também começaram pequenos pode vir seguido pela companhia de bons amigos em um sábado à noite ou uma tarde de domingo.

Debruçar-se pelo imaginário de Herzog é, sem dúvidas, uma atividade que requer maturidade para entender que o mundo de Fitzcarraldo pertence ao real. E que somos responsáveis pelas tantas interpretações possíveis em um roteiro recheado de poesia e caos.

A biblioteca do CCBA dispõe de uma filmografia com alguns dos mais importantes títulos do diretor e estão disponíveis para empréstimo. Abaixo seguem os títulos e a sinopse do acervo.

Filmes de Werner Herzog disponíveis na Biblioteca do CCBA:

  • Aguirre, a Cólera dos Deuses

No século XVI, algumas décadas após o fim do Império Inca, uma expedição espanhola segue em direção ao rio Amazonas em busca de ouro. Ameaças surgem de todos os lados, nada sai como planejado e o número de baixas só aumenta. Liderando o que sobrou do grupo está o insano Don Lope de Aguirre (Klaus Kinski), impávido na obsessão de encontrar o Eldorado.

  • Fitzcarraldo

Início do século XX. Brian Sweeney Fitzgerald, mais conhecido como Fitzcarraldo (Klaus Kinski), é um homem extremamente determinado que possui a louca ideia de construir uma casa de ópera no meio da floresta amazônica. Para conseguir o dinheiro necessário, ele decide explorar borracha. O problema é que, para transportar o produto, ele terá que atravessar morros e matas com um barco.

  • Stroszek

Bruno Stroszek (Bruno S.), um músico de rua alcoólatra, acaba de sair da prisão. Sem esperanças, ele conta apenas com um glockenspiel e um acordeon. Logo conhece a prostituta Eva (Eva Mattes) e, em companhia de Scheitz (Clemens Scheitz), excêntrico vizinho de Bruno, decidem ir para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor.

  • Os anões também começaram pequenos

Num mundo onde todos são anões, um grupo de jovens que moram num orfanato estavam cansados das regras, e resolvem se rebelar. Enquanto um deles é pego pelo diretor na fuga, os outros transformam a instituição em completa anarquia.

  • O enigma de Kaspar Hauser

Um homem jovem chamado Kaspar Hauser (Bruno S.) aparece de repente na cidade de Nuremberg em 1828, e mal consegue falar ou andar, além de portar um estranho bilhete. Logo é descoberto que sua aparição misteriosa se deve ao fato de que ele ficou trancado toda sua vida em um cativeiro, desconhecendo toda a existência exterior. Quando ele é solto nas ruas sem motivo, muitas pessoas decidem ajudá-lo a se integrar na sociedade, mas rapidamente Kaspar se transforma em uma atração popular.

  • Nosferatu, Phantom der Nacht

Versão de Werner Herzog para o clássico de Bram Stoker. Jonathan Harker é um agente imobiliário que visita a Transilvânia para fazer um negócio, ignorando o mal presságio de sua esposa Lucy. Ele visita o castelo do Conde Drácula e acaba se tornando prisioneiro deste.

Confira os filmes disponíveis de Herzog no site do Instituto Goethe

https://wernerherzog.goethe-on-demand.de

Saiba mais sobre o cineasta Herzog