A construção das narrativas ao longo da história da humanidade têm sido baseada em descrições e documentos cuja lógica predominante firma-se nos poderes intrínsecos à época, desconsiderando, por muitas vezes, as verdadeiras identidades interpostas. Nesta perspectiva e com o pressuposto de ressignificar a memória identitária dos povos inseridos, propositalmente, em segundo plano, emerge a fagulha para a criação do projeto que levaria a prefixação mais adequada do título para os arquivos oficiais relativos ao período.

Foto: Fundaj (DIVULGAÇÃO)

A exposição “Necrobrasiliana” permeia uma proposta artística de releitura ou desconstrução do imaginário colonial a partir do acervo documental brasiliana que reúne obras de pesquisadores que percorreram o Brasil entre os séculos XVI e XIX, como Albert Eckhout, Frans Post, Jean-Baptiste Debret e Auguste Stahl. A proposição fundante surge dentro do projeto de exposições Política da Arte com a curadoria do pesquisador da Fundaj, Moacir dos Anjos. O evento reúne 26 obras de doze artistas: Ana Lira, Dalton Paula, Denilson Baniwa, Gê Viana, Jaime Lauriano, Rosana Paulino, Rosângela Rennó, Sidney Amaral, Thiago Martins de Melo, Tiago Sant’Anna, Yhuri Cruz e Zózimo Bulbul. Dentre eles, apenas a Ana Lira é pernambucana.

Diante deste cenário e a constante preocupação com os aspectos histórico-culturais contemporâneos o Centro Cultural Brasil Alemanha (CCBA) e a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) possuem uma parceria institucional com a perspectiva de fomentar o projeto cujo viés estilístico baseia-se na reconfiguração e na chamada releitura de um passado deturpado pela visão eurocêntrica da região equatorial tropical e subtropical, especialmente da colônia portuguesa.

Acerca da exposição o diretor do CCBA, Christoph Ostendorf, comenta: “A exposição é  bastante importante pois faz uma releitura / desconstrução do imaginário dos ¨viajantes estrangeiros¨ ao Brasil, um imaginário que já se consolidou como ¨memória coletiva¨ brasileira de certa maneira idílica e pitoresca porém que esconde a violência das relações escravocratas, do racismos, da violência e brutalidade, revelando assim uma cultura da morte por trás das aparências o que é de grande atualidade!”

A exposição Necrobrasiliana conta com o apoio do CCBA e da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) e pode ser visitada de 16 de setembro de 2022 a 29 de janeiro de 2023, de terças a sextas, das 14h às 19h, sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h. A Galeria Vicente do Rego Monteiro localiza-se na Fundação Joaquim Nabuco – Fundaj – no bairro do Derby, Recife.

Foto: Fundaj (DIVULGAÇÃO)

Agendamento de visitas guiadas para escolas com transporte pela Fundaj.

Ana Carmen Palhares Ferreira >>> ana.palhares@fundaj.gov.br