Para a exposição ECOAR – Refletindo A Sombra Africana Da Memória, o artista contemporâneo Mudi Yahaya utiliza a fotografia como meio de pesquisa artística. Com ela, ele rastreia a questão de como as sociedades africanas, que estavam no centro do comércio transatlântico de escravos, foram direta e indiretamente influenciadas ao longo dos séculos de maneiras que afetaram a forma como essas sociedades se organizaram espiritual, social, cultural e filosoficamente.      

       

Muitos africanos ocidentais que foram capturados à força na Nigéria, Benin, Gana e Senegal acabaram no Brasil. Até hoje, há vestígios notáveis no Brasil de uma versão sincrética da cultura e das tradições desses povos capturados à força que foram transportados pelo oceano para o Brasil.                                                

Da mesma forma, uma cultura afro-brasileira hibridizada cruzou o oceano de volta à Áfri- ca Ocidental como resultado da revolta de escravos muçulmanos Malê em janeiro de 1835, que resultou no retorno de pessoas libertadas de ascendência africana ocidental de volta às suas sociedades originais. Essa comunicação cultural entre a África Ocidental e o Brasil perdura e perdura até hoje.                          

Mudi Yahaya, um dos principais artistas da Nigéria, explora em seu trabalho interpretações de identidades híbridas africanas em seus diferentes dialetos visuais, moedas e vocabulários. Para ECOAR – Refletindo A Sombra Africana da Memória, ele trabalhou extensivamente com seu próprio arquivo fotográfico, que foi criado ao longo de mais de duas décadas durante suas extensas viagens por todas as regiões da Nigéria e da África Ocidental. Combinada com seu amplo conhecimento, a exposição nos dá uma visão profunda da complexidade das culturas africanas.          

Com ECOAR – Refletindo A Sombra Africana da Memória, a Fundação Joaquim Nabuco apresenta pela primeira vez obras do Mudi Yahaya no Brasil. A exposição teve curadoria das curadoras e artistas berlinenses Gisela Kayser, Suely Torres e Mireya Palmeira.

Período de visitação: 02 NOV 2023 – 29 FEV 2024

  • Ter-Sex: 10h – 16h30
  • Sáb-Dom: 13h – 16h30
  • Local: Pinacoteca da FUNDAJ (Avenida 17 de Agosto, 2187, Recife-PE)

Equipe

Fotógrafo:

Berlin / 2022 / Mudi Yahaya © Stefanie Marcus


Mudi Yahaya
é um artista visual cujo trabalho explora interpretações de identidades híbridas africanas, em seus diferentes dialetos visuais, moedas e vocabulários. Diante da digitalização maciça de dados de mídia, Mudi explora uma estética que conecta identidades africanas pós-coloniais e pós-globais, mediadas por fotografia e cinema, com política, filosofia, história, tempo, religião, poder, violência, intolerância, gênero e questões raciais. O trabalho de Mudi também se concentra nas relações e tensões entre as imagens à medida que elas interagem com noções e estratégias de desconstrução pós-colonial e descolonização da identidade africana em espaços e não espaços africanos sincréticos. O interesse de Mudi pela identidade também se estende aos arquivos fotográficos, onde ele explora conceitualmente as contra-narrativas de construção e representação fotográfica que abordam a relação entre o arquivo fotográfico e a ideia de nação e identidade nacional. Seus projetos conceituais de arquivo têm como ponto de partida a performatividade e a multimodalidade dos arquivos fotográficos, apresentando fotografias de arquivo como recursos visuais que influenciam a construção semiótica com significado sociocultural.                                                    

Curadores                                     

Após vinte e cinco anos e trezentas exposições de fotografias documentais, políticas e artísticas na Willy Brandt Haus, em Berlim, Gisela Kayser tem experiência como poucos nesse campo. Como diretora artística e diretora administrativa da Freundeskreis Willy Brandt Haus, ela e sua equipe foram responsáveis pelo programa cultural da casa e deram importantes impulsos ao discurso social. Ela acompanhou e apoiou outros projetos de exposição em museus e galerias como curadora, foi membro do júri em várias cerimônias de premiação na Universidade de Artes de Berlim, nomeadora no International Center of Pho- tography New York e membro do júri do Alfred Fried Photography Award 2019. Desde julho de 2021, Gisela Kayser tem trabalhado internacionalmente como curadora freelancer para projetos selecionados.                                            

Suely Torres é uma artista visual que trabalha com fotografia, videoarte e colagem. Estudou Literatura na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Desde 1988, reside e trabalha em Berlim, onde fez mestrado em Estudos Latino-Americanos na Freie Universität Berlin e se especializou em Curadoria de Arte na Universität der Künste. Desde que viveu em Berlim, ela investiga a fotografia como uma forma de comunicação entre culturas. Sua relação com a fotografia não parte de um interesse técnico, mas de um interesse orgânico. A câmera tem um propósito, da mesma forma que um pincel, um lápis ou qualquer outro material. Suely Torres analisa as imagens de um ponto de vista literário. Seu interesse por imagens decorre do fato de que uma infinidade de manifestações literárias é expressa em pinturas, cinema, desenhos e fotografias. Suas fotografias foram publicadas em revistas e jornais nacionais e internacionais.                                                       

Mireya Palmeira estudou Comunicação Visual na Universidade de Artes de Berlim e na Cooper Union for the Advancement of Science and Art, em Nova York. Ela é uma artista de mídia freelancer e designer de mídia visual. Como bolsista do DAAD, esteve no Brasil em 2014 com seu primeiro projeto artístico. Com o Modern Art Film Archive, ela vem desenvolvendo projetos culturais abrangentes para o Ministério das Relações Exteriores da Alemanha fora da Europa há quatro anos. Como diretora artística, foi responsável pela pesquisa, restauração e apresentação do projeto cultural de dois anos 50 Years of Things Fall Apart (1971) na Nigéria e em Uganda, que foi celebrado na Nigéria como um dos dez destaques culturais do ano. Outras exposições se seguiram em Lagos, Bayreuth e Cidade do México.