Um grupo de estudantes interessados em crítica de cinema participou em 2018 do Janela Crítica, projeto do festival Janela Internacional de Cinema do Recife. Como parte do apoio do Centro Cultural Brasil-Alemanha (CCBA) ao evento, nosso auditório foi utilizado para os encontros do crítico Juliano Gomes com a turma que ele orientou durante o processo.

A maior parte dos alunos do Janela Crítica em 2018 está cursando audiovisual na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mas a experiência também atraiu estudantes de história e arquitetura. “Essa diversidade era algo que me interessava na composição do grupo. Cinco mulheres e um homem compunham nosso time”, apresenta Juliano. 

JANELA CRÍTICA

Para participar do Janela Crítica é preciso passar por uma seleção. Os escolhidos ganham passe livre para acompanhar a programação do Janela de Cinema e, além de desenvolverem textos com a orientação do crítico convidado, compõem o júri da edição. Em 2018, participaram da experiência Carolina de Lima Silva Moura, Dandara Cipriano, Gabriela Souto Maior dos Santos, Letícia Batista, Lorenna Rocha da Silva e William F. de Oliveira Santos. 

Sobre as reuniões no CCBA, que ocorreram na segunda e terça-feira antes do início das exibições, o crítico explica: “Minhas metas ali eram duas: que nos conhecêssemos melhor, para formarmos um coletivo forte, e introduzir um pouco do que consiste o trabalho do pensamento relacionado ao cinema”.  

“No primeiro dia nos apresentamos e mostrei minha proposta. Na segunda parte do dia, falei sobre a ideia de crítica e escrevemos um primeiro texto, além disso pedi que eles trouxessem um texto que eles gostassem para comentar na manhã seguinte. No segundo, dia discutimos os textos deles e o outro que eles escolheram, separamos os júris que eles compuseram e planejamos o que cobrir no festival”, detalha Juliano.

CINEMA BRASILEIRO

O Janela de Cinema é um festival no qual se reúnem filmes de vários países que estimulam debates sobre temas diversos e atuais. “Acho que vivemos uma safra incrível de filmes no Brasil. Talvez a melhor em muito tempo. Há uma série grande de artistas que está fazendo filmes melhores que os anteriores: como o cearense Inferninho ou o mineiro Temporada. O momento é claramente ascendente. E o Janela está atento a isso. Ao mesmo tempo, estamos aflitos com a possibilidade que esse trabalho possa ser interrompido”, afirma Juliano, referindo-se à situação do Brasil atual.  

“O colonialismo e suas mil faces sempre será um tema num país formado como colônia de exploração. Portanto, esse é um eixo sobre o qual podemos unir muitos filmes, para dar um exemplo. E isso também povoou a escolha de produções estrangeiras também. Há um fôlego renovado na discussão dos efeitos políticos e estéticos do colonialismo. E isso é uma ótima notícia para o mundo. Acho que é uma ótima contribuição que podemos dar a nós mesmos e ao mundo”, conclui ele.

Texto: Eugênia Bezerra
Foto: Acervo Janela Internacional de Cinema do Recife