Na última quarta-feira, no dia 21 de outubro, durante o Workshop ¨Construindo Alternativas econômicas sociais & solidárias & sustentáveis¨ a professora Ariádne Scalfoni, da Universidade Federal da Bahia defendeu na sua apresentação ¨Moedas Sociais e Bancos Comunitários no Brasil – Panorama e a construção de circuitos monetários¨ a utilização de moedas sociais como alternativas para a construção ou fortalecimento de mercados locais pautados por novas relações que não são, necessariamente mediadas pelo valor do dinheiro.

Para a professora, o território onde se desenvolvem as moedas sócias e seus circuitos de comercialização é determinante para o sucesso da iniciativa. “Os territórios onde as moedas sociais estão são muito especiais sejam grandes, pequenos, politicamente organizados, distante de grandes cidades. Não adianta oferecer um crédito em moedas sociais tipo 600 reais, para uma família que precisa comprar um medicamento urgente se eu não tenho uma farmácia no território. Que tipo de empreendimento eu tenho no meu território? Então é preciso criar uma rede, preciso de crédito produtivo que ofereço em reais, na moeda nacional, para as pessoas ampliarem ou começarem uma atividade produtiva”, diz.

Segundo a pesquisadora, que é referência para o tema de moedas sociais e bancos comunitários, o Brasil não chega a ser um dos melhores ou maiores países em relação aos temas, mas têm experiências com modelos bastante inovadores, como é o caso da moeda Palma, da comunidade Conjunto Palmeiras, no Ceará, que foi objeto de sua tese de doutoramento.

“Banco Palmas tem inspirado experiências pelo mundo todo. Mas as pessoas estavam deixando de usar a moeda social de maneira progressiva. Quis entender porque isso estava acontecendo e como estava acontecendo. Em outubro de 2013 fiz um mapeamento de Conjunto das Palmeiras”, explica. Apesar do aparente declínio do sucesso da moeda social Palma e seu circuito, Ariadne afirma que, pelo contrário, o atual processo que vive a Palma é prova de que a moeda cumpriu seu objetivo principal.

“A Rede de aceitação criada é mais importante do que o volume de moedas circulando. Existe uma confiança em torno da moeda já construída. Até empreendimentos não cadastrados que conhecem recebem por confiar. Ainda existe a identidade, que é muito forte. A Palma saiu de um papel econômico e passou a assumir outros papéis. E não tem problema nenhum”, defende.

Imagem: Divulgação

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Conferência Internacional de Moedas Sociais – Sob coordenação da professora Ariádne Scalfoni, o Brasil recebe a terceira edição da Conferência Internacional de Moedas Sociais e Complementares entre os dias 27 e 30/10, na Escola de Administração da UFBA – Vale do Canela. O evento pretende inserir a discussão no âmbito do movimento e da prática da Economia Solidária sendo vista como uma inovação social relacionada a processos de desenvolvimento de territórios.

O evento tem o objetivo de aprofundar as discussões teóricas e metodológicas que vem sendo feitas por diversos pesquisadores e reunirá com atores sociais (militantes, gestores de projetos que envolvem uso de moedas sociais, representantes de governos locais, entre outros) inseridos na temática.

Especialistas da Alemanha, Argentina, Equador, França, Holanda, Japão e Brasil compõem a programação da conferência. A programação completa e as inscrições para o evento estão disponíveis através do site:http://socialcurrency.sciencesconf.org/. Dúvidas podem ser tiradas através do e-mail: ccconf2015@gmail.com .