Confira nossos projetos socioambientais no Nordeste
Ao longo de mais de trinta e cinco anos de existência, o CCBA – Centro Cultural Brasil-Alemanha – sempre se engajou em causas ambientais e sociais, cooperando com diversas organizações e instituições brasileiras e alemãs.
Diante dos desafios globais, o CCBA realizou e apoiou ações e projetos no Nordeste, seguindo a orientação “pensar globalmente, agir localmente” (Global denken, lokal handeln), popularizada pela Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a “Rio-92”, que propôs traduzir os desafios ambientais globais em ações locais e regionais concretas.
Nos últimos dez anos, o CCBA intensificou seus trabalhos na área socioambiental, começando com a Semana da Economia Social, Solidária e Sustentável, em 2015.

https://www.ccba.org.br/de-berlim-para-o-recife-semana-de-economia-social-solidaria-sustentavel/
Em 2016, tivemos como destaque o lançamento do Prêmio Georg Marcgrave de Biodiversidade e Desenvolvimento Socioambiental 2016–2017, cujos vencedores foram povos indígenas, grupos de agricultores familiares e mulheres que trabalhavam com hortas e remédios fitoterápicos.
Em março de 2017, o CCBA realizou o Seminário “Desafios Climáticos”, que contou com a presença do climatologista Carlos Nobre.

No momento atual da COP30, vale a pena rever a palestra proferida por Carlos Nobre no CCBA, em março de 2017, sobre “A nova conjuntura climática – perspectivas a partir do Acordo de Paris e do Governo Trump.”
A partir do seminário — do qual também participaram como palestrantes o Dr. Lutz Morgenstern, do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha, que integrou as negociações do Acordo de Paris, e Florian Eickhold, representante da organização alemã ATMOSFAIR gGmbH — o CCBA conseguiu criar o projeto AGREGA – Agroecologia e Energias Alternativas para Todos.
O AGREGA abrange, desde 2018, pequenos projetos com agricultores familiares e povos indígenas nos municípios de Madre de Deus, Pesqueira, Afogados da Ingazeira, Exu, Itacuruba e Floresta. Na maioria dos projetos, as famílias agricultoras receberam sistemas de energia solar, materiais de irrigação por gotejamento, tanques para criação de peixes, um freezer e orientação, durante cerca de quatro anos, sobre gestão das tecnologias, além de apoio na comercialização dos produtos — com foco no fortalecimento e na inovação de sistemas tradicionais de produção de alimentos.
O projeto AGREGA conta, desde o seu início, com o apoio da ONG alemã Brasilieninitiative Freiburg, do governo alemão e, a partir de 2020, passou a desenvolver, com apoio da organização alemã ATMOSFAIR gGmbH, um projeto agrofotovoltaico na aldeia indígena dos Pankará, em Itacuruba, que garante o abastecimento de cerca de 150 famílias com água do Rio São Francisco. Além disso, estão sendo testadas várias tecnologias socioambientais na área, como aquaponia, criação sustentável de peixes, compostagem a partir da casca de coco, meliponicultura (abelhas indígenas), em cooperação com a UFRPE (campus Serra Talhada), UFPE – Engenharia de Pesca e o IFSertão – Campus Floresta.
Atualmente, o projeto AGREGA está sendo ampliado, com dois eixos de ação: o AGREGA Semiárido, em Pernambuco/Nordeste, e o AGREGA Urbano, na Região Metropolitana do Recife, que apoia, sobretudo, grupos de mulheres que trabalham com agricultura urbana, hortas medicinais e reciclagem (costura e upcycling).
Durante o período da COP30, o CCBA trará alguns depoimentos da Conferência, dando, porém, mais espaço para publicações sobre os projetos socioambientais realizados pelo CCBA/Projeto AGREGA, em cooperação com parceiros locais e alemães em Pernambuco e no Nordeste.
AGREGA – Projetos socioambientais do CCBA no Nordeste 01

Iniciamos nossa série com o projeto agrofotovoltaico do AGREGA na aldeia do povo indígena Pankará, em Itacuruba. Esse projeto foi concebido pelo CCBA em cooperação com as lideranças indígenas locais e professores da UFPE, em 2019, com apoio fundamental da ATMOSFAIR gGmbH, do governo alemão e da Brasilieninitiative Freiburg e.V. para sua implementação.
A geração agrofotovoltaica de energia solar permite o abastecimento de 150 famílias da aldeia com água do Rio São Francisco e a irrigação de áreas para cultivo agroecológico. O plantio sob as placas solares apresenta, entre várias vantagens, o conforto térmico para os trabalhadores rurais e a economia de água na irrigação dos canteiros. Destaca-se ainda que as placas solares, com cerca de 200 m², captam água da chuva para uma cisterna de 52 mil litros.
A partir das nossas experiências, sugerimos que pelo menos metade das grandes fazendas solares seja construída na modalidade agrofotovoltaica.